Quando me vi dento do ambiente
acadêmico me senti um estranho no ninho. Estava lá – eu – no tão sonhado sonho de
alcançar a intelectualidade. Pura ilusão!
Trabalhos sem nexo feitos a base
de “Ctrl c e Ctrl v”, respostas das questões de provas circulavam como numa
feira livre, cadeiras sem grande cunho intelectual, professores herméticos e “beatificados
no olimpo”. Algo não cheirava bem na “terra da fantasia” acadêmica.
Sempre fui regado no
autodidatismo, mas até então não entendia o que havia acontecido com a
academia. Desde as décadas de 1920, 30 e 40, principalmente o PCB divulgaram o
pensamento de esquerda na cultura. Mas foi no final da década de 1960 que se
tornou hegemônica. A partir daí, a esquerda começou a ocupar os principais
espaços produtores de cultura nacional — universidades, redações, editoras,
estúdios de cinema, dramaturgia etc. —, banindo para fora do debate quem quer
não compactuasse com a visão de mundo esquerdista.
A degradação da a academia e da intelectualidade
Flávio Gordon, em seu livro “A
Corrupção da Inteligência”, aborda com propriedade esse processo de degradação
da intelectualidade acadêmica.
A corrupção da inteligência é o
processo pelo qual, movido por paixões político-ideológicas, o intelectual
abdica de sua função de compreender e explicar a realidade, notadamente a
realidade política e social, e passa a querer transformá-la. O intelectual
começa a crer que o seu conhecimento “especializado” sobre determinado assunto
lhe confere o direito de exercer poder sobre a sociedade, compreendida como
matéria plástica a ser modelada livremente. Trata-se de uma corrupção que afeta
tanto a inteligência individual de cada um, quanto a "classe" dos
intelectuais como um todo. O professor Olavo aborda isso no livro “O Imbecil
Coletivo”.
Não é por acaso que na década de 1960
Antônio Gramsci começa a ser lido pelos então revolucionários brasileiros. Provocando
um “cisma” na esquerda nacional. Enquanto parte vão para a luta armada, outra
parte vai para guerra cultural.
O radicalismo político tomou
conta das faculdades, e os raros estudos que ainda apresentam alguma
consistência científica pecam pela hiper-especialização, no terreno das
ciências exatas e biomédicas. Acho que o destino da academia nesse terreno é,
cada vez mais, reduzir-se à condição de centros de formação de militantes
políticos e ativistas virtuais. O que surgir de interessante no campo do
pensamento histórico e social virá, creio, de fora da academia.
A realidade da academia brasileira
As faculdades brasileiras estão
sempre nos últimos lugares. E o Brasil caindo ainda cada vez mais no ranking do
PISA (Programa internacional de avaliação de alunos). Não temos nenhum nome acadêmico
figurando na área de Humanas com destaque global por suas grandes contribuições
à Filosofia, à História, às Relações Internacionais, ou mesmo em áreas de
“método científico”, como Sociologia, Crítica Literária ou Psicologia ou Comunicação.
O que existe é uma canonização de
autores permitidos na faculdade, e o universitário deslumbrado com o primeiro
livro difícil que leu na vida, acha que acabou de descobrir a verdade única
revelada e que todos aqueles que não acreditam piamente em Foucault, Hobsbawm,
Marcuse, Freud, Habermas etc, são ignorantes que precisavam aprender o mesmo
que seu professor/profeta. Que, obviamente, se é professor e profeta, não pode
nunca estar errado. O ambiente Universitário é totalmente hostil a uma
verdadeira vida intelectual.
O que fazer diante dos fatos?
Como eu ainda tenho a esperança
de algum dia produzir algo que contribua com de forma significativa na área das
Ciências Humanas tomei a nada difícil decisão de abandonar os cursos de
Economia e Ciências Contábeis – pois só faziam me atrapalhar. Hoje me dedico a
uma formação mais clássica, ao estudo do trivium
e do quadrivium. Podendo assim me dedicar as áreas do saber realmente relevantes.
Olavo disse:
"A única solução viável, que enxergo, é a
formação de pequenos grupos solidários, firmemente decididos a obter uma
formação intelectual sólida, de início sem nenhum reconhecimento oficial ou
acadêmico, mas forçando mais tarde a obtenção desse reconhecimento mediante
prova de superioridade acachapante." Por isso cada vez mais se faz
necessário à criação e desenvolvimento de grupos e redes de conhecimento.
Não existe vida intelectual nas
faculdades e universidades brasileiras. É extremante anti-intelectual viver uma
vida acadêmica. Não há busca pela verdade! Não há questionamento e sim uma mera
acomodação emocional reduzida a ser contra ou a favor de alguma coisa.
Foda-se a academia!
Foda-se diploma!
Foda-se diploma!