terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A REALIDADE ACADÊMICA BRASILEIRA

A realidade acadêmica brasileira


Quando me vi dento do ambiente acadêmico me senti um estranho no ninho. Estava lá – eu – no tão sonhado sonho de alcançar a intelectualidade. Pura ilusão!

Trabalhos sem nexo feitos a base de “Ctrl c e Ctrl v”, respostas das questões de provas circulavam como numa feira livre, cadeiras sem grande cunho intelectual, professores herméticos e “beatificados no olimpo”. Algo não cheirava bem na “terra da fantasia” acadêmica.

Sempre fui regado no autodidatismo, mas até então não entendia o que havia acontecido com a academia. Desde as décadas de 1920, 30 e 40, principalmente o PCB divulgaram o pensamento de esquerda na cultura. Mas foi no final da década de 1960 que se tornou hegemônica. A partir daí, a esquerda começou a ocupar os principais espaços produtores de cultura nacional — universidades, redações, editoras, estúdios de cinema, dramaturgia etc. —, banindo para fora do debate quem quer não compactuasse com a visão de mundo esquerdista.


A degradação da a academia e da intelectualidade

Flávio Gordon, em seu livro “A Corrupção da Inteligência”, aborda com propriedade esse processo de degradação da intelectualidade acadêmica.

A corrupção da inteligência é o processo pelo qual, movido por paixões político-ideológicas, o intelectual abdica de sua função de compreender e explicar a realidade, notadamente a realidade política e social, e passa a querer transformá-la. O intelectual começa a crer que o seu conhecimento “especializado” sobre determinado assunto lhe confere o direito de exercer poder sobre a sociedade, compreendida como matéria plástica a ser modelada livremente. Trata-se de uma corrupção que afeta tanto a inteligência individual de cada um, quanto a "classe" dos intelectuais como um todo. O professor Olavo aborda isso no livro “O Imbecil Coletivo”.

Não é por acaso que na década de 1960 Antônio Gramsci começa a ser lido pelos então revolucionários brasileiros. Provocando um “cisma” na esquerda nacional. Enquanto parte vão para a luta armada, outra parte vai para guerra cultural.

O radicalismo político tomou conta das faculdades, e os raros estudos que ainda apresentam alguma consistência científica pecam pela hiper-especialização, no terreno das ciências exatas e biomédicas. Acho que o destino da academia nesse terreno é, cada vez mais, reduzir-se à condição de centros de formação de militantes políticos e ativistas virtuais. O que surgir de interessante no campo do pensamento histórico e social virá, creio, de fora da academia.

A realidade da academia brasileira

As faculdades brasileiras estão sempre nos últimos lugares. E o Brasil caindo ainda cada vez mais no ranking do PISA (Programa internacional de avaliação de alunos). Não temos nenhum nome acadêmico figurando na área de Humanas com destaque global por suas grandes contribuições à Filosofia, à História, às Relações Internacionais, ou mesmo em áreas de “método científico”, como Sociologia, Crítica Literária ou Psicologia ou Comunicação.
O que existe é uma canonização de autores permitidos na faculdade, e o universitário deslumbrado com o primeiro livro difícil que leu na vida, acha que acabou de descobrir a verdade única revelada e que todos aqueles que não acreditam piamente em Foucault, Hobsbawm, Marcuse, Freud, Habermas etc, são ignorantes que precisavam aprender o mesmo que seu professor/profeta. Que, obviamente, se é professor e profeta, não pode nunca estar errado. O ambiente Universitário é totalmente hostil a uma verdadeira vida intelectual.


O que fazer diante dos fatos?

Como eu ainda tenho a esperança de algum dia produzir algo que contribua com de forma significativa na área das Ciências Humanas tomei a nada difícil decisão de abandonar os cursos de Economia e Ciências Contábeis – pois só faziam me atrapalhar. Hoje me dedico a uma formação mais clássica, ao estudo do trivium e do quadrivium. Podendo assim me dedicar  as áreas do saber realmente relevantes.

Olavo disse:
 "A única solução viável, que enxergo, é a formação de pequenos grupos solidários, firmemente decididos a obter uma formação intelectual sólida, de início sem nenhum reconhecimento oficial ou acadêmico, mas forçando mais tarde a obtenção desse reconhecimento mediante prova de superioridade acachapante." Por isso cada vez mais se faz necessário à criação e desenvolvimento de grupos e redes de conhecimento.

Não existe vida intelectual nas faculdades e universidades brasileiras. É extremante anti-intelectual viver uma vida acadêmica. Não há busca pela verdade! Não há questionamento e sim uma mera acomodação emocional reduzida a ser contra ou a favor de alguma coisa.  

Foda-se a academia!

Foda-se diploma!


 Paralaxe

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