A maçonaria constitui um verdadeiro enigma. Difícil de tratar. É a maior sociedade secreta do mundo, com cerca de 6 milhões de membros atualmente, tem uma longa história entrelaçada com o protestantismo – especialmente na Grã-Bretanha, na Europa, nos Estados Unidos (com 4 milhões de membros) e no Brasil .
Orgulha-se de contar com membros das elites do mundo, seja no passado ou no presente: desde Voltaire, Mozart, Garibaldi e Goethe, até vários nobres da Europa - incluindo o rei da Suécia e a Rainha Elizabete II (Grande Patronesa da Loja Britânica) - além de catorze presidentes dos Estados Unidos (Johnson, Ford, Reagan etc.). George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos, era um Grão-Mestre maçom, sendo considerado um dos adeptos mais fiéis de todas as treze colônias de sua época. Não é por acaso que a cédula do dólar americano, que tem o retrato de Washington, traz a pirâmide, o esquadro, a águia e outros símbolos maçônicos junto com as palavras NOVUS ORDO SECLORUM.
Por outro lado, conforme alguns estudiosos sustentam, a maçonaria, apesar de se autodenominar não-religiosa, divulga uma filosofia essencialmente anti-cristã. Mesmo havendo uma irmandade e esforços de caridade, existe um programa não manifesto advogando uma religião sincretista, negando a pessoa divina e a obra salvífica de Jesus Cristo, e mantendo elos sinistros com o ocultismo. A maçonaria foi rejeitada como antitética à fé cristã pela Igreja Católica e pelas Igrejas Ortodoxas Oriental e Russa.
É Possível Ter um Conhecimento Definido Sobre a Filosofia Maçônica?
Os maçons apresentam alegações defendendo sua posição de que o não-maçom não sabe seus ensinos. Respondendo a isso, como a confraria é uma sociedade secreta histórica e geograficamente variada em suas formas, o não-maçom simplesmente não tem acesso ao conhecimento claro de seus rituais, símbolos e ensinos. Na Maçonaria anglo-saxônica,é considerada profundamente religiosa e teísta, como o Rito de York. Julga-se geralmente a Maçonaria francesa como racionalista, porque, através do Rito Moderno, permite a iniciação a pessoas sem crença definida, considerando que as opiniões religiosas são questões de foro íntimo, enquanto o Rito Escocês Antigo e Aceito, embora exija a crença em Deus do candidato, é denominado deísta.
A religiosidade da loja local depende de vários fatores. Muitas vezes, especialmente nos graus mais baixos, a religião aparece apenas como um elemento periférico da função da loja. Outras vezes, a ênfase teológica - implícita ou explícita - pode variar desde o panteísmo e o ocultismo até um teísmo ecumênico e semi-cristão - por exemplo, no sul dos Estados Unidos. Com certa freqüência, os anti-maçons ignoram a diversidade dos ritos e formas práticas das lojas nesse sentido.
Qual é o Lugar Que a Bíblia Ocupa na Maçonaria?
Na revista maçônica New Age, Winston Watts expõe a procura da verdade, afirmando que, "na maior parte, nossa busca está centrada na Bíblia Sagrada, a fonte principal de nosso conhecimento". Em virtualmente todos os dicionários maçônicos, a Bíblia - "o Livro da Lei"é exaltada como "um dos grandes Luzeiros da Maçonaria", um elemento importantíssimo dos móveis da loja ocidental, sobre o qual todo cristão iniciado faz seu juramento.
Em toda a literatura maçônica (Ritos York e Escocês), entretanto, dificilmente se descobre qualquer afirmação acerca da única inspiração verbal ou da autoridade soberana das Escrituras. Sem exceção, os autores fazem questão de insistir que a Bíblia é apenas um livro sagrado, usado como metáfora da vontade divina e da lei natural. A opinião maçônica prevalecente é de que a Bíblia constitui apenas um símbolo da vontade, lei ou revelação divina, e não que seu conteúdo é lei divina, inspirada ou revelada.
Então sendo um símbolo, a Bíblia precisa de interpretação. Zilmar de Paula Barros, em A Maçonaria e O Livro Sagrado, declara que, “com a morte física de Jesus, perdeu-se a PALAVRA. E, entre as múltiplas finalidades. da Maçonaria, está buscar a 'palavra perdida...', ou seja TRAZER A HUMANIDADE A VERDADEIRA INTERPRETAÇAO DA MENSAGEM EVANGÉLICA DE JESUS!
Apesar da ênfase na Bíblia Sagrada, os livros esotéricos freqüentemente recebem mais atenção. Em suas instruções sobre os três primeiros graus (Loja Azul) no Brasil, Nicola Aslan explica:
A Bíblia e a Cabala fornecem o mais poderoso contingente para o enriquecimento do simbolismo maçônico, e o Ocultismo, abrangendo o conjunto dos sistemas filosóficos e das artes misteriosas derivadas dos conhecimentos dos antigos, deu também abundante contribuição.
Quem É o Deus da Maçonaria?
O Deus maçônico é denominado o Grande Arquiteto do Universo (G.A.D.U.) - o Ser Supremo, Criador ou Força Cósmica da existência e preservação. O Landmark 19 proclama: “A negação da crença do G.A.D.U. é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação”. Propositadamente, a definição é ambígua o bastante para englobar todos os conceitos de Deus sustentados pelas religiões - não apenas as teístas (judaica, cristã e islâmica), mas também as dualistas (taoísta, zoroastriana) e as panteístas (gnóstica, espírita, hindu e budista). Sem dúvida, no início da história da maçonaria especulativa, as pressuposições eram mais teístas, como continuam sendo para os cristãos que se envolvem na loja.
O conceito de Deus nos escritos da maçonaria é uma mistura de tudo, de gnosticismo, druidismo, luciferianismo, hinduísmo, taoísmo, zoroastrismo, iluminismo, cristianismo liberal e Nova Era. Ou seja, todas as religiões são representações das antigas e primitivas verdades, destiladas no ensino da maçonaria, que é, em última instância, a Mãe de todas as religiões. Deus, o G.A.D.U., é o Deus buscado e manifestado por todas as religiões.
Embora a maçonaria encoraje um pluralismo da conceituação de Deus, conforme vários autores afirmam, há cada vez menos lugar para o Deus tripessoal da Bíblia. A idéia do Logos e da Trindade é vista de uma forma gnóstica e alegórica, distante da Confissão de Nicéia, como vemos na exposição do 4º Grau por Jorge Adoum .
Concluímos que, embora alguns indivíduos e até certas lojas locais sustentem uma definição da divindade mais próxima do cristianismo histórico, a grande maioria ignora ou rejeita a perspectiva bíblica de Deus. Dificilmente se pode negar que, nas águas turvas do ritual e do símbolo maçônicos, há implicações sinistras sobre o entendimento de Deus para o cristão verdadeiro.
FONTES:
Margaret C. Jacob, "Freemasonry and the Utopian Impulse", em Millenarism and Messianism in English Literature and Thought
Clark Library Leclures 1981-1982, ed. Richard H. Popkin (Leiden: E. J. Brill, 1988)
Cf J. Edward Decker, The Question of Freemasonry (Lafayette, LA: Huntington House, 1992),
Demott, Freemasonry in American Culture,
Bula In eminenti (1738), o Papa Clemente XII