A Política de Aristóteles é uma obra clássica e de suma importância para os conservadores. Nesse livro, mesmo Aristóteles exibindo uma filosofia não prática, como é próprio ao seu trabalho, podemos vislumbrar muito do seu conservadorismo.
A filosofia de Aristóteles indaga a ordem comum de curso das ideias para assim então, tecer sua critica. O debate presente no livro é com Sócrates e Platão. Aristóteles é naturalmente polêmico. Ele rejeita o conceito de que todos os homens e mulheres são iguais, o que fundamenta a filosofia de Platão, e refuta-a. E interpreta a filosofia de Sócrates numa abordagem mais literal. Ficando assim, mais confortável a construção de uma refutação. Na “República” de Platão a escravidão deixa de existir, sendo tratada no sistema jurídico, em “A Política” ela é endossada. Mas não vejo nesse ponto grande divergência entre Platão e Sócrates, mais sim uma questão de ênfase.
Para aqueles que não concordam o fato é que ambos não se opunham a ascensão social de um escravo. Onde a escravidão não estava ligada a etnia ou classe social e sim a derrota em guerra ou dívida. O uso das de impressões e sentidos, as tradições e senso comum revelam o seu método indutivo.
A Política de Aristóteles é, na verdade, um contraponto à República platônica inclusive com seu programa de educação colocado no final, que na verdade é muito inferior e bem menos detalhado que o de Platão. Se para Platão uma comunidade saudável deveria preocupar-se menos com o número de habitantes do que com a limitação da propriedade privada.
Aristóteles, ao contrário, tem uma abordagem mais liberal/conservadora próxima ao sentido moderno. Para ele a propriedade não deveria ser limitada, mas a população sim. Em contra partida era a favor do infanticídio como medida para manter a população sadia.
Aristóteles coloca como base de seu pensamento político e econômico sua busca pelo meio-termo . A cidade deve buscar que a classe média floresça, porque a pobreza é fonte do mal e da revolução. A cidade deve ter um tamanho limitado e permitir que a vida teórica surja, pois, como sabemos, em sua Ética, Aristóteles afirma que a contemplação é fim último do ser humano. O pensamento de Aristóteles em toda a Escolástica, através do racionalismo. Tentando explicar a existência de Deus, do céu e do inferno, bem como as relações entre o homem, a razão e a fé.
Em filosofia "Imanentização" já traz a ideia implícita de negação do transcendental e que é algo inerente a um ser. Enquanto o transcendente está para além desse ser (metafísica). Não tendo,portanto, a possibilidade de imanar a transcendência. E enquanto existir resquícios de ideologia haverá cheiro de revolução. Ou porque o cara não estudou o conservadorismo a fundo ou por dissimulação revolucionária (socialismo fabiano ou um liberalismo, anarco-capitalismo). E esse conceito de "nova direita" onde o própio nome já objetiva dividir a direita.
Foi justamente sobre essa alegação de "Imanentização" dos símbolos da transcendência desses ideólogos, que eu quis alegar que filosoficamente é insustentável. Explico. Como Eric Voegelin parte das fontes clássicas do pensamento ocidental, especialmente Platão, que onde apresenta o ser humano como um ser intermediário vivendo entre dois mundos, o imanante e transcendente, um finito e outro infinito. Existe uma crítica de ideólogos que identificam uma incapacidade (uma falha) no sistema platônico devido a esse conflito. Platão chama esse espaço entre esses dois mundos de “entremeio” (metaxy). E é dessa experiência que são colhidos os símbolos que o ser humano procura entender a realidade e a sua existência.
Então Voegelin compreende e mostra que os componentes da existência são inseparáveis e inconcebíveis separadamente. Deus e o homem, consciência e objeto, natureza e sociedade. Só existindo uma oposição dentro da metaxy. Não existindo um lugar privilegiado, como dizem os ideólogos, que possamos vislumbrar a formação desses elementos como um mero objeto de análise. Então mesmo que a busca pela inteligibilidade seja perfeitamente possível, isso não quer dizer que o conhecimento seja cíclico. Conhecer é progressivo e acumulável. O que vai clareando essas simbolizações. E esses símbolos de existência vão ficando cada vez mais claros evidenciando imagens da “ordem”. E essas sucessivas ordens culminam na Ordem da História. Esse é o método voegeliniano (interpretação da metaxy de Platão). Mas realmente existem pontos de tensão nesse método e isso é alvo de críticas de ideólogos mais instruídos.
Diferentemente do Marxismo, o Conservadorismo não é uma ideologia e nunca pretendeu ser. Não possuindo, assim, uma dogmática como “O Capital” ou “O Manifesto Comunista”. Não tem um modus operandi. Não existe um modelo de ser conservador, pois ser conservador é a negação da ideologia e de um modo padrão de procedimento. É essa a lição que Russell Kirk nos ensina.
Contrário à formulação de um ideário dogmático, ser conservador tem o conjunto de opiniões diversas (mas não contraditórias) construindo diferentes perspectivas em relação a um mesmo assunto. Conservadorismo não é uma abnegação “ao novo”. Com Burke concluímos dizendo que “a mudança saudável é o meio de nossa preservação”, mas nunca negando a experiência histórica que nos fornece um guia para os rumos da sociedade.
A única coisa que podemos postular sobre o Conservadorismo é que é um conjunto de convicções, princípios e pressupostos. E a diversidade desses conceitos é prova cabal de que o conservadorismo não é uma ideologia. Podendo variar durante determinada época. Um grande fator que causa confusão na cabeça de novos conservadores é a questão de “Conservadorismo“ ter se tornado um termo político, como bem observa Russel. Em contra partida os “novos Conservadores” querem contra atacar achando que ser conservador é ter uma ideologia. E o fato de não conseguirmos conceber (ou termos dificuldade de conceber) um conceito de conservadorismo anti-ideológico denuncia fragmento de marxismo cultural em nosso imaginário.
O que tem que ser feito é uma autoanálise criteriosa a fim de expurgar qualquer resquício.