Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus, ainda: eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície da terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente. Isso vos será para mantimento. (Gn. 1.27-29)
A tarefa humana fundamental
do homem é o governo da realidade e compreensão da ordem criada, em representação
a Deus e sob sua autoridade. Esse é o Mandato Cultural, em cujo cumprimento o
ser humano manifesta, efetivamente, que é Imago Dei. O Homem completo, nefech,
assemelha-se a Deus porque a ele foi confiada à mordomia da criação. Nisso
se baseia a base da responsabilidade humana no uso e cuidado dos recursos
naturais, bem como, no desenvolvimento científico e tecnológico. Compreender o relacionamento de Deus criador com a sua
criação é um desafio que nos proporciona uma aproximação com Ele.
No texto bíblico vemos que o
verbo yatsar, é usado para numerosos aspectos da ação salvífica de Deus:
Deus “formou” a Israel (Is. 43:21; 44:1s, 24; cf.27:11). Também, natac pode
ter sentido salvífico: Deus “plantou” a Israel (Jer. 2:21; 11:17; 31:28). Em
outras passagens, o verbo banah se aplica a Israel. Deus promete
a Davi construir uma casa e um trono (II Sm. 7.27; Sal. 89.3s.); depois,
promete reconstruir o povo no seu retorno do cativeiro (Sl. 102:16s;
147:2). Este relato, no hebraico original, caracteriza-se por uma série
de jogos de palavras, tão simpáticos como significativos. Destes, três são especialmente
importantes, segundo a evidente intenção do autor, como relata Stam (1994.p.26):
1.- Em 2:7, o autor diz que
da terra (adamah), Deus fez adam; o jogo adamah/adam destaca,
fortemente, a inseparável e essencial vinculação entre o ser humano e a terra,
entre homos e humus. Aqui, temos uma forma muito diferente da do capítulo
1º. Uma nova e dramática insistência na materialidade, que depois, vai
caracterizar todo o plano da salvação; 2.- O segundo jogo de palavras, destaca a
solidariedade misteriosa e profunda entre ish (varão) e ishah (varôa) (2:23),
conforme homem/mulher, unidos, inseparavelmente, numa vida comum; 3.- Do nome
“Eva”, se faz um jogo com a palavra “viver” (Gn.3:20 -
Eva, javah; viver, jayah)’.
Vemos que Deus usou
palavras chaves como dominem, cultivem, preservem e coloquem nomes em todas as
criaturas. Essas ordens marcam o início de uma série de outras obrigações,
ainda por vir: constituir família e comunidade, estabelecer a lei e a ordem, fazer
surgir às culturas e civilizações e as preocupações ecológicas que se ampliam e
se aprofundam, através das Escrituras. E isso é totalmente contrário a
cosmovisão dos povos circunvizinhos a Israel. Povos esses que não reconheciam
essa ordem social, cósmica e divina que Eric Voegelin descreve em sua obra. Os antigos pagãos viam deuses na natureza
selvagem, nos animais e no estado. O ambientalismo moderno compartilha
dessa crença, e acrescenta — cortesia daquela influência que mistura elementos
hindus, californianos e da Nova Era — um ódio à humanidade e às religiões ocidentais
que colocam o homem como o centro da criação não de uma maneira bíblica, mas se
contrapondo a concepção judaico-cristã. Estamos
enfrentando uma ideologia igualmente pagã, ímpia, cruel e messiânica quanto o
marxismo.
Os nazistas, que eram esquerdistas (Nazi vem de
Nationalsozialismus ou Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães)
proibiram pesquisas médicas com animais, e o simpático Hermann Göring ameaçou
"deportar para um campo de concentração" qualquer um que se atrevesse
a desobedecer à lei. Ele encarcerou um
pescador por seis meses apenas porque este cortou a cabeça de um sapo — que
seria utilizado como isca — quando o batráquio ainda estava vivo. A revista alemã de humor Simplissimus
publicou um desenho no qual um pelotão de sapos fazia a saudação nazista para
Göring. Hitlerera um vegetariano fanático e entusiasta dos alimentos naturais,
era também um abstêmio. Heinrich Himmler
compartilhava do ódio de Hitler por álcool, e ordenou que a SS promovesse a
produção de sucos de frutas e água mineral como substitutos.
No socialismo de cem anos atrás existia uma
dissimulação quanto aos verdadeiros objetivos, a atual ideologia também a
pretensão de ser a detentora de todas as “virtudes morais”. Não se trata de uma fraternidade dos homens,
já que vivemos em tempos pós-cristianismo; trata-se da fraternidade dos bichos
e das árvores. Como o socialismo, o
ambientalismo combina uma religião ateísta, panteísta e com a crença na estatização
das coisas. Existe, porém, uma diferença
básica entre ambos: o marxismo ao menos fingia ter alguma preocupação com seres
humanos; já o ambientalismo é saudoso do ímpio, desabitado e tedioso Jardim do
Éden.
O verdadeiro ambientalismo está no Éden. Está descrito
no reconhecimento da ordem no Mandato Cultural. Em reconhecer que foi por causa
do pecado original que os filhos de Adão não são capazes de praticar com
eficácia as prescrições oriundas das Sagradas Escrituras. E é por isso que Deus
nos proporcionou o segundo Adão: Cristo! Ele é que irá restaurar todas as
coisas – a ordem
ordem social, cósmica e divina . Para o apostolo Paulo, Jesus é chamado
de "segundo Adão" (Rm 5). . Adão foi criado por Deus para
resplandecer sua glória, Jesus é o próprio Deus glorioso feito em carne. Adão é
a humanidade que fracassa, Cristo é o Homem-Deus que triunfa. Em Adão, todos
morrem. Em Cristo, todos somos vivificados.
Para Paulo, Cristo é tão homem quanto Adão. Deveria ser assim para que a maldição do pecado fosse vencida. Adão morre porque peca, Cristo morre porque se manteve fiel. A morte entrou na humanidade por um homem, Adão (vv.21). Nele, todos nós morremos, pois descendemos dele e carregamos conosco o seu fracasso. Na provisão salvífica, Deus oferece a humanidade um outro homem para ser seu representante. Enquanto o primeiro Adão nos presenteia com a morte, e todos morrem nele, o segundo, Cristo, traz consigo a ressurreição, e nEle todos os fiéis serão vivificados (vv.22). "Vivificados" nesse verso aponta não apenas para a futura ressurreição, mas também para a vida abundante que temos em Cristo Jesus, Nosso Senhor Ressurreto.